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    sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

    Noitário de uma insone



    As maiores e melhores ideias que saem dessa cabeça vermelha, saem à noite. As piores também, sem dúvida. A linha tênue entre genialidade e bizarrice: insônia.

    O dia de quem sofre desse mal é dividido da seguinte maneira:



    Um insone é um zumbi. Uma criatura que fala, anda, come (e como come!), mas não tem alma - e nem noção.

    A falta de sono tem algumas etapas bem definidas, ou não:

    • Fome noturna, geralmente acompanhada de uma vontade visceral de comer aquilo que não tem na sua casa e num horário em que nenhum delivery funciona mais. Substitui-se o objeto de desejo por um miojo, mas a vontade continua sendo remoída noite afora.

    • Vontade de arrumar o que fazer, pensa-se em tudo: faxina, organizar as contas, botar a agenda em dia, fazer as unhas, adiantar o trabalho, limpar a bolsa. No fim das contas, nada se faz. Então, liga-se a TV para constatar que, realmente, não há nada a fazer. Sua enorme lista do MSN torna-se um território deserto, bem como sua timeline no Facebook e Twitter. Parabéns, você passou de fase.

    • E agora morre de saudade dos que dormem, pode ser qualquer um, melhor amigo, professor, Tia Maria, porteiro e até aquele cara mala que vive te ligando e você vive ignorando. A quantidade de sono é inversamente proporcional à saudade que sentimos de todo mundo, basicamente. Tão perigoso quanto um bêbado munido de celular, é um insone armado com qualquer aparelho telefônico. Afinal de contas, se eu não durmo, ninguém dorme.

    • É claro que todo mundo para quem você ligou ou enviou torpedo cagou e andou pra tua vontade de saber das novidades às 3h da matina. Essa é a hora da frustração e depressão. Você começa a pensar em todas as merdas da tua vida, desde todos os seus ex namorados até a unha que quebrou. Aí se pergunta por que o mundo é tão cruel, já que não consegue dormir, não consegue manter um relacionamento e nem as unhas e não consegue, sequer, comer o que queria na primeira fase. Come-se mais.

    • Depois de mais comilança frustrada, chega uma hora em que é preciso domar a fera que te devorou durante toda a noite - e que devorará sua produtividade, bom humor e concentração no dia seguinte. E o pobre insone tenta dormir. O colchão que parecerá macio, convidativo e maravilhoso na hora em que o ser precisar levantar para ir pro trabalho, será uma cama de pregos na hora em que realmente se precisa dormir. Começa a fase de consciência de que amanhã estará fudido. A consciência levará à preocupação, que levará à raiva, que manterá teu sono cada vez mais longe. Levanta-se para tomar um leitinho morno e come-se um pouco mais.

    • Desespero. Nessa etapa você desiste do leitinho morno e começa a procurar qualquer coisa que te apague, de Dramin a Ajax. Alguma coisa precisa funcionar. É óbvio que todos os remédios para dormir se escondem quando você precisa deles.

    • A noção de tempo chega e a racionalidade faz com que uma decisão seja tomada: a de realmente não dormir. Afinal, muitas vezes dormir pouco caga mais o dia do que não dormir nada.

    • Planos mirabolantes acontecem muitas vezes junto com a noção de tempo. O insone começa a bolar formas de faltar ao trabalho. Pensa em mil desculpas, todas péssimas.

    • Ao perceber que não conseguirá matar trampo, o sono começa a se aproximar, bem como a luz do dia. E os planos de pular uma noite de sono vão por água abaixo. A insônia acaba quando o dia começa.

    Vale lembrar que este texto começou a ser escrito às 2h30 da madruga. Portanto, não se espante se ao ler esse post, lembrar de retornar uma ligação ou mensagem minha.

    MD.45 - Designer behavior

     

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